segunda-feira, 9 de maio de 2011

Michelangelo (1475-1564) - O divino!



"A escultura é a arte de representar a matéria". São palavras do próprio Michelangelo, escultor, pintor e arquiteto italiano, conhecido entre seus contemporâneos como o "Divino", uma maneira no mínimo justa de se referir a este que, ainda em vida, já era visto como um artista completo, talentoso, de espantosa memória visual e técnica irrepreensível.

Nascido em 1475 na pequena cidade de Caprese, próxima a Arezzo, Michelangelo di Ludovico Buonarroti Simoni era filho de um magistrado que também possuía uma mina de mármore e uma pequena fazenda. Criado por uma ama-de-leite cujo marido era cortador de mármore, um Michelangelo ainda pequeno já convivia com o material que lhe seria tão caro durante toda a vida.

Inicialmente contrários às aptidões artísticas latentes no filho, os pais de Michelangelo acabaram concordando em deixá-lo ingressar, aos 13 anos, como aprendiz do pintor Domenico Ghirlandaio. Pouco mais de um ano depois o jovem artista entrou para a escola de escultura de Lorenzo de Médici, poeta e entusiasta das artes em cuja residência havia um jardim com estátuas clássicas italianas. Estava travado o contato do futuro escultor com aquelas que seriam sua obsessão durante toda a vida: esculturas de corpos nus e atléticos.

Lorenzo morreu e, após dois anos na residência dos Médici, o artista foi obrigado a voltar para a casa do pai, em 1492. É nesse período que Michelangelo se dedica ao estudo da anatomia humana, dissecando cadáveres na Igreja do Santo Espírito, em Florença. Esses conhecimentos seriam fundamentais para a excelência atingida posteriormente em suas esculturas, que revelavam um conhecimento detalhado de cada músculo do corpo humano.

Após breves períodos em Veneza e Bolonha, Michelangelo fixou-se em Roma, onde foi convidado a trabalhar para o papa Júlio II, dando início a um relacionamento conturbado que inauguraria o "período heróico" do artista. O grandioso túmulo encomendado a ele por Júlio II, com quarenta grandes estátuas à sua volta, nunca seria concluído, devido principalmente às brigas entre os dois. Júlio II era vaidoso e impaciente, mas não negava sua imensa admiração por Michelangelo.

Foi servindo a esse papa, também, que Michelangelo realizou sua mais extraordinária obra: as pinturas no teto e paredes da Capela Sistina. Ainda que os afrescos não fossem sua especialidade, o "Divino" não desapontou e criou uma espetacular sucessão de cenas e personagens bíblicos, onde os corpos dos personagens se contorciam a fim de caberem na curva das paredes laterais. O trabalho levou quatro anos para ficar pronto.

Nas palavras do pintor e arquiteto italiano Giorgio Vasari, seu contemporâneo, as representações de figuras humanas criadas por Michelangelo têm "o vigor e o apelo da carne viva". Sua intenção ao criar as fantásticas esculturas em mármore definem seu espírito: Michelangelo desejava liberar uma figura aprisionada dentro do bloco de pedra, e considerava o trabalho terminado somente quando o "conceito" inicial se apresentava totalmente visível, revelando a forma desejada pelo escultor.

Michelangelo escreveu ainda livros de poesia e foi também um grande arquiteto, tendo projetado, entre outras obras, a impressionante cúpula da Basílica de São Pedro. Admirado por seus conterrâneos e considerado o maior artista de seu tempo, continuou trabalhando até sua morte, aos 89 anos, em Roma. Seu último pedido, já no leito de morte, foi ser enterrado em sua amada Florença.

Curiosidades


  • Duelo de gigantes
    Especula-se que Da Vinci e Michelangelo não simpatizavam muito um com o outro. Os "gigantes" se conheceram em Roma, onde Michelangelo já tinha fama estabelecida. Talvez por rivalizar no quesito "maior artista da época", os dois tiveram pouco contato e não chegaram a ser amigos. A "Batalha das batalhas" ocorreu em 1503 quando Michelangelo e Leonardo foram convidados para pintar os afrescos da sala do Conselho do Palácio Vecchio. Michelangelo pintou a "Batalha de Cascina" e Da Vinci a "Batalha de Anghiari" , ambas foram destruídas e delas só existem desenhos.
  • Nariz quebrado
    Ainda jovem, quando estudava na escola de Lorenzo de Médici, Michelangelo teria ridicularizado o trabalho de um colega, que lhe respondeu com um forte murro no nariz. O artista ficou para sempre com um nariz de aspecto "achatado", o que, para alguém que buscava a beleza ideal em seu trabalho, não deve ter sido muito agradável.
  • Relação neurótica
    Michelangelo teria sido agredido a golpes de bengala pelo vaidoso papa Júlio II, quando trabalhava na pintura da Capela Sistina. O motivo: o trabalho demorava demais para ficar pronto. Ao final de quatro anos, as extraordinárias pinturas estavam terminadas, e já nessa época a capela passou a receber multidões de visitantes interessados em apreciar a obra.
  • Fama
    Acredita-se que Michelangelo era homossexual. O artista era extremamente preocupado e meticuloso com os nus masculinos que realizava, mais do que qualquer outro pintor ou escultor de sua época. Em 1530, teria se apaixonado por Tommaso Cavalieri, um jovem da nobreza. Cavalieri foi receptivo e os dois acabaram se tornando amigos. Michelangelo dedicou até sonetos de amor ao jovem, que teria, inclusive, estado presente na hora da morte do "divino", 34 anos depois de o ter conhecido.
  • Megalomania
    O grandioso túmulo encomendado a Michelangelo pelo papa Júlio II, em cujo projeto original constavam nada menos que 40 estátuas de mármore em tamanho real, nunca foi concluído. Acabou com seis estátuas, sendo apenas três de autoria de Michelangelo. Uma delas, representando Moisés, é considerada a mais perfeita escultura realizada pelo artista. Surpreso com o resultado desse trabalho, Michelangelo teria batido com o martelo na estátua e gritado: "Parla, parla!".
  • Michelangelo poeta
    O artista deixou cerca de 300 poemas, escritos entre 1501 e 1560. Alguns deles contêm uma carga homoerótica bastante forte, evidenciando o possível homossexualismo do artista. Por outro lado, existem também diversos poemas dedicados a Vittoria Colonna, viúva e também poeta, um amor platônico vivido por Michelangelo.
  • Filme sobre o artista
    "Agonia e Êxtase" - Carol Reed, EUA, 1965. Com Charlton Heston como Michelangelo e Rex Harrison como o Papa Júlio II.

Contexto histórico
Na hora e no lugar certos


Juntamente com Leonardo Da Vinci e Rafael Sanzio, Michelangelo Buonarroti é um dos três grandes expoentes da arte do Renascimento italiano. Os três foram artistas completos, que se aventuravam com sucesso pela pintura, escultura, arquitetura e desenho. Homens influentes em sua época, foram celebrados ainda em vida tanto pela nobreza quanto pelo povo.

Mas, se Michelangelo foi um símbolo renascentista, podemos dizer também que ele foi um dos primeiros a apontar para algumas mudanças em relação a esse estilo de pintar e esculpir: considerado um dos primeiros a antecipar o "maneirismo" e o "barroco", Michelangelo gostava de representar pessoas em posições peculiares, com os corpos contorcidos e sempre em movimento. Muitas vezes o artista distorcia as escalas, criando personagens gigantescos e em posições extravagantes, bastante expressivos e dramáticos. Sua magnífica estátua de Davi, por exemplo, possui pés e mãos em proporções maiores que o corpo.

Seu estilo, também chamado de "heróico", já sinalizava algumas mudanças em relação aos renascentistas mais puros, que se baseavam em valores clássicos greco-romanos e na representação racional das figuras. Michelangelo ousava ao representar personagens bastante musculosos, exagerados, por vezes alongados ou desproporcionais. E sempre propositalmente.

Sua trajetória não teria sido tão brilhante, porém, caso tivesse vivido em outra época. Cidades como Florença e Veneza passavam por um momento de extrema agitação cultural, com nobres e clérigos incentivando as artes. A ampliação das fronteiras, com a descoberta do Novo Mundo e o crescente comércio com as Índias, trazia riquezas à Europa e incentivava o mecenato. Um homem como o papa Júlio II, com suas manias de grandeza e sua vaidade, foi fundamental para que um gênio como Michelangelo tivesse a oportunidade de colocar em prática sua técnica e talento.

Sites relacionados
  • TG3 - Traz biografia, contexto histórico e fotos de trabalhos de Michelangelo. Em português.
  • Taschen - Website e loja virtual da editora de livros de arte. Contém diversas publicações sobre o trabalho de Michelangelo e o Renascimento.
  • Museu Vaticano - Site oficial da Capela Sistina, localizado dentro do portal do Vaticano. Possui versões em inglês, espanhol e português, entre outras línguas.
  • Pintores Famosos - Traz biografias e reproduções de diversos pintores famosos, entre eles Michelangelo. Possui um bom perfil do artista.
  • Scientific Electronic Library Online - Página da Revista Brasileira de História, ligada à Universidade de São Paulo, traz um ensaio sobre poemas de Michelangelo (traduzidos para o português).

·         Principais obras

·   1.  Obra "Doni Madonna" (1503) - Galeria Uffizi, Florença. O formato circular era comum ao representar a Sagrada Família.
·   2. Afrescos da Capela Sistina (1508-12) - O mais grandioso dos trabalhos de Michelangelo, com episódios do Velho Testamento e o Juízo Final.

·   3. A Pietà (1499-1500) - Feita em mármore, é uma escultura belíssima e extremamente expressiva. O artista foi criticado por apresentar uma Virgem jovem demais.

·   4. Davi (1501-04) - Considerada sua obra-prima. Escultura de um Davi esbelto, atlético e de postura graciosa.

·   5. Moisés (1513-16) - Escultura em mármore. Figura central do túmulo do papa Júlio II. Na cabeça do profeta, podem-se ver dois pequenos chifres.
·   6. Auto-retrato (pintura) - Auto-retrato de Michelangelo, já velho. Expressão melancólica e sombria.

Fonte: http://mestres.folha.com.br/pintores/09/

Um comentário:

  1. Ola vim visitar seu blog,(blogueiras unidas) e já estou te seguindo.Espero sua visita em meu blog,Bjssssssss Parabéns pelo seu blog contando a história das artes

    http://pinturasdacristina.blogspot.com/

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