quinta-feira, 21 de julho de 2011

Vida e obra de Oscar-Claude Monet (1840 - 1926).


O mais dedicado impressionista.


Seu pai almejava vê-lo dando continuidade ao comércio da família, um empório de secos e molhados. Ao invés disso, Claude Monet tornou-se o precursor de um movimento artístico inovador e cujo nome, "Impressionismo", começou a ser usado após uma crítica pejorativa ao seu "Impressão, Sol Levante", quadro exibido em 1872 em conjunto com obras de Renoir, Degas e Cézanne, todos amigos seus.

Apesar de ter nascido em Paris, em 1840, Oscar-Claude Monet cresceu na cidade portuária de Havre, onde travou seu primeiro contato com a pintura através de Eugène Boudin, que lhe estimulou a trabalhar ao ar livre e sob a luz do sol, procedimento que seria fundamental no desenvolvimento de sua técnica e estilo.

Aos 19 anos Monet volta a viver em Paris, com o objetivo de estudar pintura. Apesar do desejo do pai de vê-lo na tradicional Escola de Belas Artes, opta por ingressar no Atelier Suisse, cuja postura mais livre combinava com sua personalidade. Apesar de apreciar o desenho, Monet não concordava com a tradição acadêmica de se fazer e ensinar arte nas escolas mais tradicionais. E é nesse ambiente que viria a conhecer Camille Pissaro, através de quem seria introduzido ao círculo de Manet, Coubert e outros artistas de idéias vanguardistas.

Em 1861 é enviado à Argélia, convocado para defender a França na guerra. Cerca de um ano depois, contando com a ajuda da tia, retorna a Paris, dando continuidade às suas "pesquisas" ao ar livre. Nessas ocasiões, costumava se encontrar com amigos artistas no estúdio de algum deles, partindo dali para bosques e campos próximos, onde passavam o dia pintando paisagens e as mudanças de tons e sombras causadas pelo movimento do sol.

Logo Monet conheceria a jovem Camille Doncieux, que inicialmente trabalhava como modelo e acabou se tornando sua esposa. Juntos tiveram dois filhos, mas oficializaram a união somente após três anos juntos. Os primeiros tempos ao lado de Camille foram de extremo aperto financeiro. O pintor relutava em mudar seu estilo de pintar, e desse modo encontrava dificuldades para vender seus quadros. Somente depois de iniciada a Guerra Franco-Prussiana (1870), quando de sua "fuga" para Londres, que a vida de Monet começaria a melhorar.

Na Inglaterra conhece o marchand Paul Durand-Ruel, que passa a apoiar os impressionistas e a adquirir obras do grupo. Voltando à França, em 1871, vive em Argenteuil e depois em Vétheuil, dando início ao período mais fértil de sua vida. Torna-se amigo do casal Alice e Ernest Hoschedé, milionários admiradores de seu trabalho. Mais do que isso, Monet e Alice viriam a se casar, após ambos ficarem viúvos.

Finalmente, a mudança para Giverny: em 1883, junto da nova esposa e dos sete filhos (dois dele e cinco dela), Monet passa a viver em seu pequeno paraíso, onde construiu o lago que receberia seus famosos nenúfares, ninféias e a ponte japonesa. Lá, realizaria suas fantásticas séries de pinturas, onde os objetos que se repetiam não importavam muito: a impressão de cada momento causada ao pintor, fosse pela luz do sol, pelas sombras, reflexos ou vento, era o principal elemento transportado para as telas. Monet viveu até os 86 anos, e está enterrado no jardim de sua propriedade.

Curiosidades
  • Monet caricaturista
    Ainda adolescente e morando em Havres, uma das primeiras atividades desenvolvidas pelo então jovem artista era fazer caricaturas dos locais para ganhar uns trocados. Monet não gostava de ir à escola, e estava sempre desenhando em seus cadernos. Sua atividade como caricaturista lhe valeu uma certa notoriedade, e ele passou a expor os trabalhos na loja onde comprava suas tintas e pincéis. Foi ali que conheceu o pintor Boudin, sua primeira grande influência.
  • De rio a lagoa
    Em 1893, três anos depois de ter comprado a propriedade em Giverny, Monet anexou a ela um terreno que ficava nos fundos da casa. Após alguns trâmites legais conseguiu autorização para desviar um braço do rio Ru, que passava próximo à propriedade, e assim formar um pequeno lago em seu "quintal". Apaixonado pela jardinagem, Monet passou a criar flores e plantas aquáticas, e providenciou a construção de uma charmosa ponte japonesa. "Talvez eu deva às flores o fato de ter-me tornado pintor", afirmava.
  • As 50 catedrais
    Durante o período passado em Rouen, instalado numa sobreloja que lhe propiciava uma magnífica visão da catedral, Monet pintou nada menos que 50 telas onde a edificação era o tema. Dentre elas, destaca-se a série de 18 telas retratando a fachada da igreja, todas vistas do mesmo ângulo. As mudanças causadas na fachada pela luz do sol, desde a hora em que nascia até o crepúsculo, eram captadas pelo aguçado olhar do pintor, que demonstrava toda sua técnica e sensibilidade ao realizar telas onde, em suas próprias palavras, "o tema é uma coisa secundária; o que eu quero reproduzir é o que existe entre ele (o tema) e eu".
  • Monet no Brasil
    Em 1997 o Masp (Museu de Arte de São Paulo) realizou uma grande exposição dedicada a Claude Monet. A maioria das telas expostas era da última fase da vida do artista, isto é, trabalhos feitos em Giverny, onde ninféias e nenúfares eram "temas" recorrentes, sob as mais variadas luzes e tons. A exposição trazia 23 telas, reproduções de trabalhos importantes do pintor e uma sala dedicada às crianças, e fez um enorme sucesso, passando também pelo Rio de Janeiro.
  • Giverny para todos
    Michel Monet, filho do pintor, legou em 1966 (ano de sua morte) à Academia de Belas Artes francesa a propriedade de Giverny, onde seu pai viveu por 43 anos. Em mau estado de conservação e com os jardins abandonados, a restauração do local só começaria 11 anos depois. Hoje é um lugar bastante visitado por turistas de todo o mundo, e tanto os belos jardins quanto o lago e a casa voltaram a seu aspecto original, com muitas flores, pássaros e toda a atmosfera conhecida através dos quadros do artista.

Contexto histórico
Como captar o "momento"

Podemos chamá-lo, sem medo, de "líder" do Impressionismo. Seja porque foi um quadro seu que deu nome ao movimento, seja porque Monet era um homem de extrema sensibilidade e determinação, que sabia que estava por desenvolver uma nova maneira de representar a luz, de usar as cores e de, magistralmente, captar impressões de momentos únicos, como que aprisionando uma cena que jamais seria vista novamente daquela maneira, com aquelas tonalidades.

Seu estilo único de pintar, com pinceladas diluídas e esparsas, demonstrava um incrível apuro técnico, já que o artista conseguia passar noções ("impressões") de luz e movimento tocando a superfície da tela poucas e precisas vezes com o pincel. Reproduzir suas próprias impressões diante de efeitos extremamente fugazes era seu maior objetivo. Seu colega, Paul Cézanne, chegou a descrevê-lo como "meramente um olho, mas, por Deus, que olho!", dada sua capacidade para captar, processar e transportar momentos efêmeros para as telas.

Movimentos estéticos do século XX como o Abstracionismo teriam na obra dos impressionistas, em especial na maneira de pintar de Monet, uma importante fonte de inspiração.

Claude Monet passou por três guerras importantes na história da França: primeiramente sendo enviado para lutar na Argélia, que era então uma colônia francesa. Depois, em 1870, temendo ser convocado para lutar na Guerra Franco-Prussiana, foge com a esposa e o filho para a Inglaterra (a França sairia perdedora, pondo fim ao Imperialismo e dando início à República). Finalmente, a 1ª Guerra Mundial, já que o pintor morreu somente em 1927.

Sites relacionados
  • Folha Online - Textos sobre Monet, o Impressionismo e a exposição, realizada pelo Masp em 1997.
  • Giverny Vernon - Este é o portal dedicado ao vilarejo de Giverny, na França. Traz informações turísticas e textos sobre Monet. Em inglês e francês.
  • ArtCyclopedia - Indica, através de links, museus de todo o mundo que possuem obras de Monet (em inglês).
  • The Artchive - Também em inglês, traz bons textos sobre vida e obra de Monet, sobre o Impressionismo e seus expoentes.
  • TCI Art - Esta em português, contém biografia, perspectiva histórica e obras selecionadas do pintor.

Principais obras.

1. "A Catedral de Rouen em Pleno Sol" (1894) - Uma das visões mais belas da catedral (entre uma série de 18), que parece derreter sob tanta luz.

2. "Ninféias" (1916-26) - Da série de ninféias do fim da vida de Monet, cuja visão, assim como as telas, parecia diluída e desfocada.

3. "Regata em Argenteuil" (1872) - Atenção às pinceladas que formam a água e os reflexos, de técnica extremamente arrojada e precisa.

4. "Impressão, Sol Levante" (1872) - Um marco. De seu título saiu o nome do movimento. Obra de pinceladas rápidas e sutis.

5. "Casas do Parlamento, Londres" (1905) - O céu, o Parlamento e o Tamisa formam um conjunto sóbrio e impactante.

Fonte:  http://mestres.folha.com.br/pintores/04/

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