terça-feira, 12 de julho de 2011

Vida e obra de Rembrandt (1606-1669).


Biografia
Vigor criativo

Ele nasceu em família humilde, ficou bastante rico antes dos 30 anos, foi proprietário de uma mansão e colecionava finos objetos de arte. Foi à falência e, ao morrer, vivia em extrema simplicidade, recluso em sua casa. Trabalhou incansavelmente até o fim da vida, produzindo uma quantidade admirável de telas, gravuras e desenhos. Este era Rembrandt Harmenszoon van Rijn, possivelmente o maior pintor que a Holanda já teve, e que só seria reconhecido como tal a partir do século 19.

Nascido em Leiden em 15 de junho de 1606, Rembrandt era o oitavo de nove filhos. Filho de um moleiro, era o único a não trabalhar na moagem de trigo com a família, tendo ingressado, ainda aos sete anos, na Escola Latina de Leiden. Sua vocação para o desenho e a pintura já era visível.

Rembrandt ainda faria uma passagem rápida pela Universidade de Leiden, antes de se mudar para Amsterdã a fim de tornar-se discípulo do então famoso pintor Pieter Lastman. Foram seis meses de aprendizado e influência: Lastman havia estudado na Itália e apreciava os efeitos dramáticos e a representação detalhada de adornos e vestimentas.

Mas foi somente após a parceria com Jan Lievens, com quem dividiu um estúdio, que Rembrandt começou a criar sua reputação de artista talentoso e promissor. Com não mais de 21 anos já era professor de pintura e, aos 25, realizou seu primeiro trabalho por encomenda: o retrato de Nicolaes Ruts, um rico comerciante.

Entre 1632 e 1633 produziu cerca de 50 retratos, um número impressionante. Rembrandt era requisitado pelos burgueses enriquecidos que desejavam se ver eternizados nas paredes de suas casas. Data dessa época um de seus mais famosos quadros: "A Lição de Anatomia do Dr. Tulp", obra em que revolucionou a idéia de "retrato de grupo" ao trazer para a tela homens que, apesar de não serem, nenhum deles, personagens principais, conservam detalhes individuais e expressões únicas.

Em 1634 casou-se com Saskia, com quem teve quatro filhos. Somente o último deles, porém, chegaria à idade adulta. Saskia, já com a saúde debilitada, morreu cerca de um ano depois do último parto. Tinha início uma nova - e desafortunada - fase: Rembrandt passava a ser menos procurado pela burguesia, ironicamente porque apurava sua técnica e se recusava a fazer os retratos que seus clientes esperavam. Ao invés de belos e enaltecedores, seus quadros se tornavam mais expressivos e reveladores. E as pessoas não gostavam de se ver retratadas de maneira fiel e verdadeira.

O artista passou a contrair dívidas e começou a vender seus bens. Em 1650 tem início sua "fase experimental", quando passou a fazer testes com água-forte, técnicas de impressão, novas tonalidades e papéis diferentes. Sua última companheira, quase 20 anos mais jovem, seria Hendrickje Stoffels, que começou como empregada em sua casa. Com ela teve mais dois filhos sendo que somente a caçula, Cornelia, sobreviveu. Rembrandt morreu aos 63 anos, morando numa casa humilde e ainda pintando. Em seu cavalete deixou um último quadro, ainda por terminar.


Curiosidades
  • Em série
    Até o século 19, reproduções das gravuras de Rembrandt eram vendidas por toda a Europa. O pintor, ainda em vida, chegou a leiloar praticamente toda a sua produção. Colecionadores de suas matrizes em cobre lucraram muito com reproduções, a partir do século 17.
  • Exagerado
    Talvez por pura inaptidão para as contas, Rembrandt viveu grande parte de sua vida endividado, motivo pelo qual foi à falência em 1656, aos 50 anos de idade. Depois de ter perdido a esposa e três filhos, teve ainda que vender sua enorme casa em Amsterdã, além de praticamente toda sua coleção de móveis, tapeçarias, jóias e porcelanas. Até seus auto-retratos, nunca antes postos à venda, tiveram que sair das mãos do autor.
  • Inúmeros auto-retratos
    Além de usar a mãe, a esposa e o filho como modelos, Rembrandt realizou um grande número de auto-retratos ao longo da vida. É interessante comparar as mudanças na feição do artista com o passar dos anos. Diferentes estados psicológicos são mostrados: o jovem bem-sucedido e inteligente, o homem imponente, o velho sereno e resignado.
  • Luz pitoresca
    Rembrandt, em muitos de seus quadros, faz uso de uma forte iluminação frontal, com o objetivo de fazer com que o observador preste atenção no aspecto mais importante da obra. Dessa maneira, desviava o foco para onde desejasse, muitas vezes um ponto inusitado da tela. Um exemplo: em "Retrato de Jan Six", de 1654, o modelo está calçando uma de suas luvas. Seu rosto sombrio olha calmamente para a frente, enquanto suas mãos é que estão iluminadas.
  • Controvérsia
    "O Juramento de Julius Civilis" (1661) foi pintado a serviço do prefeito de Amsterdã. A encomenda havia sido recusada por diversos pintores e Rembrandt, passando por enormes dificuldades, aceitou o trabalho. O resultado, porém, desagradou aos governantes e ficou menos de um ano pendurado nas paredes da imponente sede da prefeitura. O motivo: incumbido de retratar o episódio em que Julius Civilis reúne líderes batavos e os faz jurar combater os invasores romanos, Rembrandt apresentou uma tela bastante realista, onde se viam um bando de bárbaros em volta de um rei caolho. Novamente, não gostaram do estilo realista e fiel do pintor.


Contexto histórico
Retratista da burguesia
A Holanda do século 16 já era uma nação incomum, se comparada com seus vizinhos França, Espanha e Itália. Burgueses protestantes, liberais para a época, viam funcionar um tipo de democracia inédita até então: pessoas de diferentes credos (entre judeus, católicos e luteranos) e de distintos níveis sociais viviam em relativa harmonia. A Holanda havia se libertado do domínio espanhol em 1609. A crescente burguesia enriquecia e o acesso à arte, que nos países católicos era restrito somente à aristocracia, ficava também mais democrático. Esse fértil terreno foi fundamental para que um artista como Rembrandt, de reconhecido talento, pudesse ter uma produção tão grandiosa. O período em que viveu é chamado de "a era de ouro da Holanda", quando a influência política, o comércio, a cultura e a ciência do país atingiram o ápice. A capacidade de detalhamento e a incrível sensibilidade fizeram dele, porém, um artista "temido" pelos clientes: Rembrandt conseguia atingir nos rostos dos retratados um alcance psicológico profundo. Era como se passasse para as telas sua visão crítica do caráter da pessoa que posava. Enquadrado na estética do Barroco, o artista era um mestre na técnica do "claro-escuro", além de exímio gravurista. Porém, a maneira como pintava nos últimos anos de vida, com pinceladas livres que apenas sugeriam formas e detalhes (ao invés de fazê-los com perfeição), já antecipava características de artistas modernos típicos do século 19, como o retratista John Singer Sargent.


Sites relacionados
  • "Rembrandt e a arte da gravura" - Mini-site da exposição realizada pelo Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro. Biografia, lista de obras, entrevistas e até um quiz estão disponíveis.
  • Museu Rembrandt - Localizado em Amsterdã, este museu possui uma das mais completas coleções de obras do artista. Em inglês.
  • HistoriaNet - Página com biografia de Rembrandt em português.
  • ArtCyclopedia - Apresenta uma lista com links de museus ao redor do mundo que possuem obras de Rembrandt. Em inglês.
  • Olga's Gallery - Galeria virtual, traz uma lista com quase 200 trabalhos de Rembrandt.

Principais obras


1. "A Ronda Noturna" (1642) - Seu título original é "A Companhia de Milícia do Capitão Banning Cocq". Uma restauração feita nos anos 40 relevou que a cena se dá à luz do dia.

2. "A Lição de Anatomia do Dr. Tulp" (1632) - Encomendada a Rembrandt pelo médico Nicolaes Tulp, famoso na Amsterdã da época.

3. "Auto-retrato" (1640) - Um de seus diversos auto-retratos. Este, talvez o mais conhecido, está na National Gallery, em Londres.

4. "Os Síndicos da Corporação de Tecelões de Amsterdã" (1661-62) - Críticos de arte costumam incluir esta entre as maiores realizações de Rembrandt.

Fonte:  http://mestres.folha.com.br/pintores/17/

Um comentário:

  1. Oi Lilian,
    Seu blog está cada vez melhor!!!!!
    Tem algumas coisas que vc já postou que eu quero imprimir....tipo....sobre os lápis, eu uso e não sabia que tinha aquelas diferenças.
    Adorei a postagem de hj, quero ler com mais calma...
    Beijos!

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